Para entender as
diferenças existentes entre uma pessoa com surdocegueira e outra com deficiência
múltipla, é imprescindível ter conhecimento de que a surdocegueira se trata de
uma deficiência única, onde o indivíduo apresenta simultaneamente a perda
visual e auditiva, independente do grau dessa perda, como afirma VULA: “as
pessoas com surdocegueira não são classificadas como múltiplas, pois quando
elas têm oportunidades interagem com o meio e com as pessoas adequadamente.” (Ikonomidis, Vula)
Assim, pode-se conceber um indivíduo que era cego e
tornou-se surdo e vice-versa, ou indivíduos que se tornaram surdocegos, ou
ainda, os que já nasceram ou adquiriram a surdocegueira precocemente, antes
mesmo de adquirir qualquer tipo de linguagem (português ou Libras).
A pessoa com surdocegueira precisa da mediação de seu
acompanhante, para que possa interagir com meio que o cerca, recebendo e
interpretando informações, precisando de muita cautela e imparcialidade para se
ater fielmente ao ambiente. Assim, seu conhecimento do mundo se faz pelo uso
dos canais sensoriais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo
e vestibular.
Já a deficiência múltipla trata-se de “conjunto de duas
ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional
ou de comportamento social” (MEC/2006), que ocorrem simultaneamente, onde cada
deficiência pode afetar de maneiras o indivíduo e seu modo de ser e agir.
Na deficiência múltipla não é garantido que todas as
informações cheguem para a pessoa de forma autêntica, mas ela sempre terá o
apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto de referência.
Em ambos os casos, para que a inclusão e a aprendizagem
ocorram efetivamente, faz-se necessário que os agentes envolvidos na educação,
sejam os professores, equipe diretiva, comunidade escolar, alunos, e os demais
profissionais, trabalhem em conjunto, promovendo atividades e situações que
estimulem suas habilidades e principalmente estabeleçam a troca e a
reciprocidade, através de uma comunicação mútua, onde o emissor e o receptor se
façam entender e ser entendido. Assim, “deve-se disponibilizar recursos para
favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto
verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.” (MEC/2010
p.12)
Para se estabelecer uma estratégia na comunicação das
pessoas com surdocegueira ou deficiência múltipla, ROWLAND e SCHWEIGERT sugerem
a comunicação por símbolos tangíveis que por sua vez devem ser construídos para
cada indivíduo, de acordo com suas especificidades, estabelecendo uma conexão
com o usuário, que deve ter intenção de comunicação e entender os elementos da
comunicação.
Referencial Bibliográfico
- ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções
Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira.
Apostila In mimeo. Tradução
Acess. Revisão: Shirley R. Maia - 2013.
·
BOSCO,
Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05:
Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).
·
IKONOMIDIS,
Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”,2010 sem publicar.